terça-feira, 5 de julho de 2016

A gralha enfeitada com penas de pavão. Ilustração


A gralha enfeitada com penas de pavão
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Como os pavões andassem em época de muda, uma gralha teve a ideia de aproveitar as penas caídas.
Enfeito-me com estas penas e viro pavão!
Disse e fez. Ornamentou-se com as lindas penas de olhos azuis e saiu pavoneando por ali a fora, rumo ao terreiro das gralhas, na certeza de produzir um maravilhoso efeito.
Mas o trunfo lhe saiu às avessas. As gralhas perceberam o embuste, riram-se dela e enxotaram-na à força de bicadas.
Corrida assim dali, dirigiu-se ao terreiro dos pavões pensando lá consigo:
Fui tola. Desde que tenho penas de pavão, pavão sou e só entre pavões poderei viver.
Mau cálculo. No terreiro dos pavões coisa igual lhe aconteceu. Os pavões de verdade reconheceram o pavão de mentira e também a correram de lá sem dó.
E a pobre tola, bicada e esfolada, ficou sozinha no mundo. Deixou de ser gralha e não chegou a ser pavão, conseguindo apenas o ódio de umas e o desprezo de outros.
Amigos: lé com lé, cré com cré.
_ Esta fábula é bem boazinha- disse Dona Benta.- Quem pretende ser o que não é acaba mal. O Coronel Teodorico vendeu a fazenda, ficou milionário e pensou que era um homem da alta sociedade, dos finos,dos bem-educados. E agora? Anda de novo por aqui,se vintém, mais depenado que a tal gralha. Porquê? Porque quis ser o que não era.
-Isso não,vovó! - objetou Pedrinho.- Ele ficou rico e quis levar a vida de rico. Só que não teve sorte.
- Não meu filho. O meu compadre apenas se encheu de dinheiro- Não ficou rico. Só enriquece que adquire conhecimentos. A verdadeira riqueza não está no acúmulo,de moedas está no aperfeiçoamento do espírito e da alma. Qual o mais rico aquele Sócrates que encontramos na casa de Péricles ou um milionário comum?
-Ah, Sócrates,vovó! Perto dele o milionário comum não passa de mendigo.-Isso mesmo. A verdadeira riqueza não é a do bolso,e a da cabeça. E só quem é rico de cabeça ( ou de coração) sabe usar a riqueza material formada por bens ou dinheiro. O compadre pretendeu ser rico. Enfeitou-se com as penas de pavão do dinheiro e acabou mais depenado que a gralha. Aprenda isso…
- E que quer dizer esse “ lé com lé,cré com cré?-perguntou Narizinho.
- Isso é o que resta de uma antiga expressão portuguesa que foi perdendo sílabas como a gralha perdeu penas: Leigo com Leigo,clérigo com clérigo”. Em vez de clérigo,o povo dizia “crérigo”. Ficara, só as primeiras sílabas das duas palavras.

Extraído do livro Fábulas  de Monteiro Lobato


"Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um." (Romanos 12.03)

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