terça-feira, 5 de julho de 2016

O touro e a rãs! Ilustração

 O touro e a rãs


Enquanto dois touros furiosamente lutavam pela posse exclusiva de certa campina, as rãs novas, á beira do brejo, divertiram-se com a cena.
Uma rã velha, porém,suspirou.
- Não se riam,que o fim da disputa vai ser doloroso para nós.
-Que tolice! - exclamaram as rãzinhas. - Você está caducando, rã velha!
A rã velha explicou-se:
- Brigam os touros. Um deles há de vencer e expulsar da pastagem o vencido. Que acontece? O animalão surrado vem meter-se aqui em nosso brejo e ai de nós! …
Assim foi. O touro mais forte, á força de marradas, encurralou no brejo o mais fraco, e as rãzinhas tiveram de dizer adeus ao sossego.
Inquietas sempre, sempre atropeladas, raro era o dia em que não morria alguma sob o pé do bicharoco.
É sempre assim: brigam os grandes, pagam o pato os pequenos.
- Estou achando isto muito certo- disse Narizinho. - Os fortes sempre se arrumam lá entre si – e os fracos pagam o pato.
-é a lei da vida, minha filha. A função do fraco é pagar o pato. Nas guerras, por exemplo, brigam os grandes estadistas – mas quem vai morrer nas batalhas sãos os pobres soldados que nada têm com a coisa.
- Pagar o pato! Donde viria essa expressão?
- Eu sei- berrou Emília. - Veio de uma fabulazinha que vou escrever. “ Dois fortes e um fraco foram a um restaurante comer um pato assado. Os dois fortes comeram todo o pato e deram a conta para o fraco pagar...”


Extraído do livro Fábulas  de Monteiro Lobato




"Suportai-vos uns aos outros em amor! "(Efésios 4.2)

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Os carneiros jurados! Ilustração

Os carneiros jurados

Certo pastor, revoltado com as depredações do lobo, reuniu a carneirada e disse:
Amigos! É chegado o momento de reagir. Sois uma legião e o lobo é um só. Se vos reunirdes e resistirdes de pé firme, quem perderá a partida será ele, e nós nos veremos para sempre libertos da sua cruel voracidade.
Os carneiros aplaudiram-no com entusiasmo e, erguendo a pata dianteira, juraram resistir.
Muito bem! — exclamou o pastor. Resta agora combinarmos o meio prático de resistir. Proponho o seguinte: quando a fera aparecer, ninguém foge; ao contrário: firmam-se todos nos pés, retesam os músculos, armam a cabeça, investem contra ela, encurralam-na, imprensam-na; esmagam-na!
Uma salva de bés selou o pacto e o dia inteiro não se falou senão na tremenda réplica que dariam ao lobo.
Ao anoitecer, porém, quando a carneirada se recolhia ao curral, um berro ecoou de súbito:
O lobo!...
Não foi preciso mais: sobreveio o pânico e os heróis jurados fugiram pelos campos a fora, tontos de pavor.
Fora rebate falso. Não era lobo; era apenas sombra de lobo!…
Ao carneiro só peças lã.
- Porque só pedir lã aos carneiros ? - disse Emília. - Podemos também pedir lhes costeletas. Dos carneiros é só o que interessa Tia Nastácia, as costeletas…
Dona Benta explicou que o principal do carneiro não era a carne e sim a lã.
- Carne todos os animais têm – disse ela – e lã,só o carneiro. É por isso que o autor dessa história fala em lã, e não em carne. A moralidade da fábula é que não devemos exigir das criaturas coisas que elas não podem dar. Se pedimos lã a um carneiro, ele no-la dá muita e excelente. Mas se pedimos coragem, ah, isso ele não dá nem um pingo.
-Por quê?
- Porque não tem. Não há bichinho mais tímido, mais sem coragem que o carneiro.
Quando queremos falar de uma pessoa muito pacífica, dizemos : “ É um carneiro”.

Extraído do livro Fábulas  de Monteiro Lobato

"O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará." ( Samos 23.01)Resultado de imagem para os carneiros



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o Burro Juiz.! Ilustração

 O burro juiz
A gralha começou a disputar com o o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a barulhenta matraca de penas, gralhou furiosa:
Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. O sabiá canta, eu canto, e uma sentença decidirá quem é o melhor cantor. Topam?
Topamos! piaram as aves. Mas quem servirá de juiz?
Estavam a debater este ponto, quando zurrou ao longe um burro.
Nem de encomenda! exclamou a gralha. Está lá um juiz de primeiríssima ordem para julgamento da música, porque nenhum animal possui orelhas daquele tamanho. Convidemo-lo para julgar a causa.]
o burro aceitou o juizado e veio postar-se no centro da roda.
Vamos lá, comecem! ordenou ele.
O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, repinicando os trinos mais melodiosos e límpidos.
Agora eu! disse a gralha, dando um passo à frente.
E abrindo a bicanca matraqueou um berreiro de romper os tímpanos aos próprios surdos. Terminada a prova, o juiz abanou as orelhas e deu sentença:
Dou ganho de causa à Dona Gralha,que canta muito melhor que Mestre Sabiá.
Quem burro nasce, togado ou não, burro morre.
- Estou compreendendo – disse Narizinho. - A gralha escolheu para juiz o burro justamente porque um burro não entende nada de música – apesar das orelhas que tem. Essa gralha era espertíssima…
-Pois se escolhesse o nosso Burro Falante – disse Emília – quem levava na cabeça era ela. Impossível que o Conselheiro não desse sentença a favor do sábia! Já notei isso. Sempre que um passarinho canta num galho, ele espicha as orelhas e fica a ouvir, com um sorriso nos lábios…
Dona Benta riu-se e deixou passar a fábula sem nenhum comentário.Extraído do livro Fábulas  de Monteiro Lobato
"Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança.” Provérbios ( Pv. 11.14)
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Burrice .Ilustração

Burrice 
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Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com carga de esponjas.
Dizia o primeiro:
Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.
O outro redarguiu:
Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.
Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.
Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem.
Nem sempre é assim, nem sempre é assim… continuou a filosofar o primeiro.
Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.
E agora?
Agora é passar a vau.
O burro do açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga se ia dissolvendo ao contato da água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta.
O burro da esponja, fiel às suas ideias, pensou consigo:
Se ele passou, passarei também — e lançou-se ao rio.
Mas sua carga, em vez de esvair-se como a do primeiro, cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo.
Bem dizia eu! Não basta querer imitar, é preciso poder imitar — comentou o outro.
-Que é passar a vau? - perguntou Pedrinho.
-É uma expressão antiga e muito boa. Quer dizer “vadear um rio”, passar por dentro da água no lugar mais raso.
- E por que a senhora disse “redarguiu”? Não é pedantismo?
-quis saber a menina.
-é e não é- respondeu Dona Benta.- Redarguir é dar uma resposta que é também pergunta. Bonito,né?
-Porque é e não é?
Como uma coisa pode ao mesmo tempo ser e não ser?
- é pedantismo para os que gostam de linguagem mais simplificada possível. E não é pedantismo para os que gostam de falar com grande propriedade de expressão.
- E que é propriedade de expressão? - quis saber Narizinho.
- Propriedade de expressão – explicou Dona Benta – é a mais bela qualidade de um estilo. É dizer as coisas com a maior exatidão. Ainda há pouco Emília falou “ ferrinho do trinco da porta”. Temos aqui uma “ impropriedade de expressão”. Se ela dissesse “ lingueta do trinco” estaria falando com mais propriedade.

- Mas é ou não é ferrinho? - redarguiu Emília- A lingueta do trinco é um ferrinho, mas um ferrinho não é lingueta- pode ser mil coisas.


Extraído do livro Fábulas  de Monteiro Lobato

"Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores." (Salmos 01.01)


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Burrice .Ilustração

Burrice 
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Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com carga de esponjas.
Dizia o primeiro:
Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.
O outro redarguiu:
Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.
Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.
Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem.
Nem sempre é assim, nem sempre é assim… continuou a filosofar o primeiro.
Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.
E agora?
Agora é passar a vau.
O burro do açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga se ia dissolvendo ao contato da água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta.
O burro da esponja, fiel às suas ideias, pensou consigo:
Se ele passou, passarei também — e lançou-se ao rio.
Mas sua carga, em vez de esvair-se como a do primeiro, cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo.
Bem dizia eu! Não basta querer imitar, é preciso poder imitar — comentou o outro.
-Que é passar a vau? - perguntou Pedrinho.
-É uma expressão antiga e muito boa. Quer dizer “vadear um rio”, passar por dentro da água no lugar mais raso.
- E por que a senhora disse “redarguiu”? Não é pedantismo?
-quis saber a menina.
-é e não é- respondeu Dona Benta.- Redarguir é dar uma resposta que é também pergunta. Bonito,né?
-Porque é e não é?
Como uma coisa pode ao mesmo tempo ser e não ser?
- é pedantismo para os que gostam de linguagem mais simplificada possível. E não é pedantismo para os que gostam de falar com grande propriedade de expressão.
- E que é propriedade de expressão? - quis saber Narizinho.
- Propriedade de expressão – explicou Dona Benta – é a mais bela qualidade de um estilo. É dizer as coisas com a maior exatidão. Ainda há pouco Emília falou “ ferrinho do trinco da porta”. Temos aqui uma “ impropriedade de expressão”. Se ela dissesse “ lingueta do trinco” estaria falando com mais propriedade.

- Mas é ou não é ferrinho? - redarguiu Emília- A lingueta do trinco é um ferrinho, mas um ferrinho não é lingueta- pode ser mil coisas.


Extraído do livro Fábulas  de Monteiro Lobato

"Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores." (Salmos 01.01)


A gralha enfeitada com penas de pavão. Ilustração


A gralha enfeitada com penas de pavão
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Como os pavões andassem em época de muda, uma gralha teve a ideia de aproveitar as penas caídas.
Enfeito-me com estas penas e viro pavão!
Disse e fez. Ornamentou-se com as lindas penas de olhos azuis e saiu pavoneando por ali a fora, rumo ao terreiro das gralhas, na certeza de produzir um maravilhoso efeito.
Mas o trunfo lhe saiu às avessas. As gralhas perceberam o embuste, riram-se dela e enxotaram-na à força de bicadas.
Corrida assim dali, dirigiu-se ao terreiro dos pavões pensando lá consigo:
Fui tola. Desde que tenho penas de pavão, pavão sou e só entre pavões poderei viver.
Mau cálculo. No terreiro dos pavões coisa igual lhe aconteceu. Os pavões de verdade reconheceram o pavão de mentira e também a correram de lá sem dó.
E a pobre tola, bicada e esfolada, ficou sozinha no mundo. Deixou de ser gralha e não chegou a ser pavão, conseguindo apenas o ódio de umas e o desprezo de outros.
Amigos: lé com lé, cré com cré.
_ Esta fábula é bem boazinha- disse Dona Benta.- Quem pretende ser o que não é acaba mal. O Coronel Teodorico vendeu a fazenda, ficou milionário e pensou que era um homem da alta sociedade, dos finos,dos bem-educados. E agora? Anda de novo por aqui,se vintém, mais depenado que a tal gralha. Porquê? Porque quis ser o que não era.
-Isso não,vovó! - objetou Pedrinho.- Ele ficou rico e quis levar a vida de rico. Só que não teve sorte.
- Não meu filho. O meu compadre apenas se encheu de dinheiro- Não ficou rico. Só enriquece que adquire conhecimentos. A verdadeira riqueza não está no acúmulo,de moedas está no aperfeiçoamento do espírito e da alma. Qual o mais rico aquele Sócrates que encontramos na casa de Péricles ou um milionário comum?
-Ah, Sócrates,vovó! Perto dele o milionário comum não passa de mendigo.-Isso mesmo. A verdadeira riqueza não é a do bolso,e a da cabeça. E só quem é rico de cabeça ( ou de coração) sabe usar a riqueza material formada por bens ou dinheiro. O compadre pretendeu ser rico. Enfeitou-se com as penas de pavão do dinheiro e acabou mais depenado que a gralha. Aprenda isso…
- E que quer dizer esse “ lé com lé,cré com cré?-perguntou Narizinho.
- Isso é o que resta de uma antiga expressão portuguesa que foi perdendo sílabas como a gralha perdeu penas: Leigo com Leigo,clérigo com clérigo”. Em vez de clérigo,o povo dizia “crérigo”. Ficara, só as primeiras sílabas das duas palavras.

Extraído do livro Fábulas  de Monteiro Lobato


"Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um." (Romanos 12.03)

Bartimeu Um Homem que sabia onde queria Chegar! (Marcos 10.46-52)

  O que aprendo com esse Irmão: I- Bartimeu era Cego,mas, Não era surdo nem mudo e USOU os Recursos que tinha para mudar a situação que o in...