O touro e a rãs
Enquanto dois touros
furiosamente lutavam pela posse exclusiva de certa campina, as rãs
novas, á beira do brejo, divertiram-se com a cena.
Uma rã velha, porém,suspirou.
- Não se riam,que o fim da
disputa vai ser doloroso para nós.
-Que tolice! - exclamaram as
rãzinhas. - Você está caducando, rã velha!
A rã velha explicou-se:
- Brigam os touros. Um deles
há de vencer e expulsar da pastagem o vencido. Que acontece? O
animalão surrado vem meter-se aqui em nosso brejo e ai de nós! …
Assim foi. O touro mais forte,
á força de marradas, encurralou no brejo o mais fraco, e as
rãzinhas tiveram de dizer adeus ao sossego.
Inquietas sempre, sempre
atropeladas, raro era o dia em que não morria alguma sob o pé do
bicharoco.
É sempre assim: brigam os
grandes, pagam o pato os pequenos.
- Estou achando isto muito
certo- disse Narizinho. - Os fortes sempre se arrumam lá entre si –
e os fracos pagam o pato.
-é a lei da vida, minha
filha. A função do fraco é pagar o pato. Nas guerras, por exemplo,
brigam os grandes estadistas – mas quem vai morrer nas batalhas
sãos os pobres soldados que nada têm com a coisa.
- Pagar o pato! Donde viria
essa expressão?
- Eu sei- berrou Emília. -
Veio de uma fabulazinha que vou escrever. “ Dois fortes e um fraco
foram a um restaurante comer um pato assado. Os dois fortes comeram
todo o pato e deram a conta para o fraco pagar...”
Extraído do livro Fábulas de Monteiro Lobato
"Suportai-vos uns aos outros em amor! "(Efésios 4.2)
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